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De Indisciplinar
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O sétimo número da Revista Indisciplinar trata do tema da Geopolítica. As contribuições recebidas e autores convidados discutem o tema com ênfase nas tensões decorrentes da relação entre espaço e poder no mundo contemporâneo e seu diálogo com o contexto nacional. Diante da menor quantidade de submissões, em grande parte decorrente da coincidência entre o período de envio de artigos e o período eleitoral, o corpo editorial optou pela ampliação da seção Entrevistas e, também, pelo republicação e encomenda de material específico sobre o tema.

O número abre com o ensaio fotográfico do jornalista Pepe Escobar sobre a Rota da Seda, ambicioso projeto de infra estrutura voltado para a integração territorial da Eurásia, sinalizando potenciais impactos na geopolítica global.

A seção Entrevista apresenta três falas. A primeira, a republicação da entrevista “O Brasil é alvo de guerra híbrida”, visão do analista político Andrew Korybko, autor do livro “Guerra Híbridas: das revoluções coloridas aos golpes”. A entrevista foi realizada por Eleonora e Rodolfo Lucena e originalmente publicada no site Tutaméia (disponível em https://tutameia.jor.br). Na segunda entrevista por Natacha Rena e Paula Guimarães, Joceli Andrioli, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), fala sobre o tema da soberania energética e das perspectivas de enfrentamento das contradições e ameaças do atual modelo adotado no setor. Fechando o ciclo de entrevistas, apresentamos o registro “Sobre um projeto nacional de afirmação da soberania”, elaborado por Patrus Ananias, no qual o autor apresenta eixos centrais para a construção de um Estado orientado pela redução da desigualdade social e fortalecimento da educação e do trabalho.

Na seção Artigos, Fábio Tozi abre a discussão com o artigo “Geopolítica, soberania e hegemonia: o Brasil e a centralidade do território nos processos de globalização”, recuperando autores centrais da Geografia Política e da Geopolítica com o objetivo de evidenciar a relação entre espaço e poder, debater a noção de soberania apoiada no Estado territorial e discutir a integração externa do Brasil. No artigo seguinte, “Geopolítica da crise do capital: dez considerações sobre o golpe e a inflexão ultra neoliberal na periferia capitalista”, Thiago Canettieri e Bernardo Neves apresentam uma rica panorâmica sobre o tema da geopolítica, passando pelo papel da urbanização e da construção civil na crise que decorre do processo de dissolução das bases sociais pelas quais ocorrem as mediações sociais resultantes dos conflitos internos do capitalismo, sobretudo na China, Rússia, Índia e Brasil. Em seguida, a política de setor energético da Rússia é discutida por Igor Fuser e Túlio Bunder no artigo “Políticas energéticas na Rússia: da terapia do choque à renacionalização parcial (1991-2008)”, reafirmando a centralidade das discussões sobre soberania e geopolítica. O artigo de David Figueiredo “Arquipélago carcerário e a sociedade do espetáculo: a cultura midiática do medo como agente da promoção de políticas de segurança ostensiva na Pós Metrópole latino-americana” e o artigo de Liebert Pinto, “A guerra do Rio (ou como a ocupação policial-militar de favelas cariocas foi representada nos mapas do jornal O Globo)” trazem o debate para o agravamento de questões sociais locais. Por fim, Letícia Gonçalves discute a “Reprodução humana na gestão populacional: útero e biopolítica” articulando a disputa pela legislação concernente ao aborto com compreensão da questão populacional e a noção de saúde global, ampliando a discussão em relação aos embates morais de autonomia e inviolabilidade da vida em direção à problematização da reprodução humana, gestão demográfica e suas implicações biopolíticas.

Na última seção da Revista, dedicada à publicação de reflexões do Grupo de Pesquisa Indisciplinar, apresentamos o artigo “Estrangeirização: a dimensão geopolítica, imperial e neoliberal do Golpe que eclodiu em 2016 no Brasil” por Natacha Rena, Maíra Ramirez, Danilo Caporalli e Henrique Porto, reflexão sobre as potenciais articulações entre o cenário político local e a geopolítica. Em seguida, também produção do Grupo Indisciplinar, apresentamos o andamento da pesquisa Plataforma Cartografias do Rio Doce.